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25 de ago de 20173 min
A data de 16 de agosto de 2016 está na memória do jovem Maico dos Santos. Naquele dia, assistia compenetrado, nervoso, à participação de Isaquias Queiroz, baiano como ele, na final do C1 1000m da canoagem velocidade na Olimpíada do Rio de Janeiro. Quando o canoísta cruzou a linha de chegada em segundo lugar, atrás somente do alemão Sebastian Brendel, Maico festejou. Festejou como se a medalha de prata fosse sua. Isaquias ainda ganharia mais duas nos Jogos - uma de prata no C2 1000m com Erlon de Souza, e um bronze na prova individual do C1 200m - entrando para a história como maior medalhista brasileiro em uma só edição olímpica. Quando viu aquilo tudo, Maico mal podia imaginar que, sete meses depois, estaria treinando lado a lado com seus ídolos. Hoje, faz parte da seleção brasileira que disputa o Mundial de Canoagem Velocidade até 27 de agosto na vila de Racice, no distrito de Udi Nad Labem, na República Tcheca.
Erlon Souza e Maico dos Santos, parceiros do C2 200m (Foto: Gabriel Fricke)
Até então, o baiano de Itacaré - Erlon é de Ubatã, e Isaquias, de Ubaitaba - morava e treinava com a seleção de base em Curitiba, no Paraná. Dono de seis títulos sul-americanos e um pan-americano, o menino, hoje com 22 anos, chamou a atenção do renomado treinador espanhol Jesús Morlán, que comanda a canoa masculina na pacata Lagoa Santa, com uma estrutura de dar inveja e uma casa só para ele e para os atletas. O europeu resolveu dar uma chance ao jovem, que se mudou para a cidade em Minas Gerais em março de 2017. Desde então, vem vivendo um sonho.
- Quando eu fui chamado foi uma surpresa muito grande. Fui participar de um controle em Curitiba em março e depois recebi um convite. Está sendo um sonho treinar ao lado deles. Sempre quis competir com eles. Jesus é um dos melhores técnicos do mundo. De vez em quando ele pega no pé, mas isso é dele mesmo (risos). Meu maior ídolo é o Isaquias, sempre estou torcendo por ele e se eu estiver na competição eu grito por ele: “Vamos, Isaquias” - comentou o garoto.
O trio brasileiro em treinamento na República Tcheca (Foto: Divulgação/CBCa)
Questionado se é mais parecido com Erlon, mais calado, ou com Isaquias Queiroz, mais agitado, ele foi certeiro na resposta.
- O Erlon é quietinho assim, mas na hora do treino... Bom, quando junta os baianos a gente começa a bagunçar a descontrair, porque o treino é pesado. Isso serve para tirar um pouco da intensidade do treino. Sou meio Isaquias e meio Erlon, gosto de brincar, mas gosto de ficar quieto também (risos) - afirmou Maico.
O garoto lembrou seu início na canoagem velocidade.
- Comecei na canoagem por incentivo do meu primo Leco. Antes eu só gostava de jogar bola. Ele que me levou na canoagem pela primeira vez aos 12 anos, e eu gostei. Quando comecei, o Isaquias e o Erlon já estavam. Agora está sendo muito bom participar da equipe deles. É o primeiro Mundial ao lado deles, estamos nos adaptando à medalha ainda. Fomos para a 2ª etapa da Copa do Mundo juntos antes, quando chegamos na final B. Foi um resultado acima do esperado, porque a gente tinha pouco tempo de treino - explicou.
Erlon de Souza, que será parceiro de Maico na única prova dele no Mundial, o C2 200m, fez elogios ao novo morador de Lagoa Santa. Os dois competem nesta sexta-feira, às 6h10 (de Brasília).
- O Maico agora faz parte da nossa equipe, ele vem treinando desde o começo e é diferente porque cada atleta tem uma forma de remar. A gente sempre tem que fazer uma adaptação, então quando eu treino com ele é uma forma de remar, quando eu treino com o Isaquias é outra. É o primeiro ano dele, ele tá aprendendo bastante e está vindo para ser medalhista, então ele está sofrendo um pouco. Esse ano é de aprendizado e, a partir do ano que vem, o nível vai estar mais elevado e já vai dar para pensar mais à frente - concluiu.