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Jornal Clarín, da Argentina, destaca a Bahia e menciona Itacaré


Por Patricio Abadi, ator e autor teatral

Memórias estão correndo para sair. De repente, as portas da memória se abrem e como um final feliz para um sonho Bahía aparece, onde todos dançamos para uma música que não conhecemos. Porto Seguro, Arrial D'Ajuda, Itacaré, Carlinhos Brown e Pelourinho, esse primo distante do nosso San Telmo. A Bahia tem um piso cansado e uma pobreza elegante. Bahia é o fluxo de cerveja que desliza pelo sulco da bochecha de um velho pescador.

Da Bahia a Trancoso, viajei sozinho em um micro resumo que parecia que nunca chegaria. Uma vez em Trancoso, na praia, puni um rapaz com uma bela mulher. Ele era um magnata que estava cortando as penalidades à direita e à esquerda. Do arco, ele convidou outra rodada de ostras com champanhe.


O bairro histórico de Pelourinho na Bahia

O Brasil é inspirador. Morro de São Paulo é um lugar paradisíaco na Bahia, que é acessado apenas por barco. Todas as noites, no Morro há festas ao pé do mar, dia de vida na praia e de noite, festas. Daquele lindo coven nasceram vários personagens que mais tarde foram incorporados em uma das minhas obras: "A tristeza não tem fim".

Um guitarrista argentino, Juan Codazzi, se funde com o blues na paisagem local. E tudo soa. Lá as energias se movem com uma inteligência melódica. Dançar não como virtuosismo, mas como a própria lógica na dinâmica de viver. As idéias da psicanálise não parecem ter penetrado tão profundamente, mas sim a influência dos Orixas. A chegada de escravos africanos ao Brasil foi responsável pela consolidação dessa religião baseada em deidades ancestrales.

Não ser "o típico argentino no Brasil" é uma tarefa difícil. Um geralmente cai rapidamente na armadilha do "portuñol" e essas questões, que às vezes dão um pouco de modéstia própria e outras. Mas também não é grave. Compartilho com alguns amigos argentinos uma afinidade com o Brasil, é como ser fã de uma equipe. Você nunca sabe o porquê. O Dr. Saidon, que morava lá no exílio, era um vizinho de Manuel Puig e me deu informações sobre sua cultura. Também com Gonzalo Yazalde, filho de Chirola e Carmen, conversamos muito.

E quando eu estava pesquisando para uma peça, a professora e historiadora Myriam Prado me trouxe generosamente um artigo sobre os argentinos no exílio no Rio. Há muito pouca documentação. Mas os brasileiros eram hospitaleiros para os políticos perseguidos. Era um país muito fraternal na época. Assim, eu aprendi que há uma árvore - toquei com minhas mãos - que é "a última palmeira de Ipanema". Era uma árvore onde os argentinos exilados se reuniam para beber companheiro, ao anoitecer, dando-se a coragem de descobrir uma possível felicidade no exílio.

Há muitos brasileiros no Brasil. Música, futebol e caipirinha, esse tríptico passa por tudo. Toda geografia que enfrenta nossos olhos será tingida de experiência. Uma música, um beijo ou um criminoso infame. Essas são as "pequenas coisas" que acabam por colorir um mapa.

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